Tabelamento do frete deve elevar custos na agropecuária, diz Ipea

O tabelamento do frete deve resultar em mais custos para o setor agropecuário no País e, com isso, pressionar a inflação, afirmou nesta terça-feira, 7, o diretor do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) José Ronaldo de Castro Souza Júnior.

 

Ele ressaltou, porém, que a questão do tabelamento segue indefinida. “Muita gente está discutindo isso na Justiça e há dúvidas”, diz.

 

A pesquisadora Ana Cecília Kreter, também do Ipea, acrescenta que o setor “ainda está passando por um processo de estabilização em relação à mudança nos fretes”. E pontua que as alterações “têm um efeito diferente, a depender do porte do produtor e da distância da produção para os centros de distribuição”.

 

De todo modo, os efeitos da greve dos caminhoneiros, que resultou no tabelamento do frete, ainda não estão claros, afirmaram os especialistas. “Todos estão debruçados para tentar entender o efeito dessa greve (no setor agropecuário)”, disse o coordenador científico do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), Geraldo Barros. Para ele, os reflexos ficaram mais claros para os alimentos perecíveis, como o leite, quando uma grande quantidade da produção foi perdida e deixou de ser comercializada.

 

A tendência dos preços agropecuários no segundo trimestre foi de alta, em razão de um reforço na demanda externa e interna, da desvalorização do real ante o dólar e da oferta mais restrita.

 

Agropecuária recua

 

O Ipea previu ainda uma retração de 1% para o Produto Interno Bruto (PIB) agropecuário em 2018. A projeção aponta para uma melhora em relação à previsão de maio do instituto, de recuo de 1,3%. O motivo da revisão é a melhora nas projeções de safra, disse Souza Júnior. O resultado projetado atualmente é explicado pelas quedas na lavoura (0,6%) e na pecuária (2,5%), enquanto o segmento “outros” deverá registrar alta de 0,7%.

 

Segundo o Ipea, o setor agropecuário avançou 2,6% entre os meses de maio e junho. O resultado, no entanto, não foi suficiente para evitar a queda no segundo trimestre de 2018, que ficou em 1,9%. Na comparação com igual período de 2017, o segundo trimestre fechou em queda de 2,9%, com recuos de 2% em lavouras e de 4,7% na pecuária.

 

Os especialistas explicaram que esse desempenho já era esperado desde o início de ano, por causa de uma supersafra em 2017, que faz o resultado de 2018 partir de uma base de comparação alta.