A revista britânica The Economist publica reportagem sobre o Brasil em sua edição impressa que começou a circular neste fim de semana, afirmando que as concessões previstas no setor de transporte não devem representar um grande impulso para o País. Na avaliação da revista, a infraestrutura brasileira é "insuficiente" e "degradada".A revista diz que a economia brasileira deve encolher 1,5% em 2015 e que com isso a presidente Dilma Rousseff busca atrair investimento estrangeiro, com concessões de infraestrutura que incluem aeroportos, portos, ferrovias e estradas. Segundo a publicação, as rodovias e os aeroportos do país estão "especialmente caindo aos pedaços", enquanto a malha ferroviária representa pouco mais que um oitavo da dos Estados Unidos, "um país de tamanho comparável". "Com um grande déficit orçamentário e custos altos para empréstimo, o governo não está em posição de impulsionar seus próprios investimentos", afirma. Entre os investidores estrangeiros e domésticos, porém, há um ceticismo "palpável". Nos primeiros cinco meses do ano, o investimento estrangeiro direto caiu para US$ 25,5 bilhões, de US$ 39,3 bilhões em igual período de 2014, compara a publicação. Para todo o ano de 2015, Alberto Ramos, do Goldman Sachs, é citado e projeta US$ 55 bilhões, pouco mais da metade do investimento no ano passado.
A Economist acredita que o governo teria poucas dificuldades em encontrar compradores para rodovias e aeroportos em cidades de tamanho médio. Mas houve a decisão de que metade do investimento esperado seja em ferrovias. "O plano parece suspeito – especialmente um esquema de R$ 40 bilhões para ligar o Brasil ao Pacífico via Peru, a ser financiado parcialmente com dinheiro chinês", diz a revista. "Não ajuda o fato de que muitas grandes empreiteiras brasileiras são parte de conglomerados atolados em um escândalo de corrupção envolvendo a Petrobras, a gigante estatal do petróleo."
Ainda segundo a publicação, uma infraestrutura melhor "não é uma panaceia para o Brasil". A revista defende que, para melhorar sua produtividade e promover crescimento futuro, o Brasil precisa "de melhores escolas, impostos mais simples e menos burocracia, não apenas de mais estradas". Para a Economist, a presidente não enfrentou nenhum desses temas. "Até que ela o faça, o Brasil permanece sendo uma venda difícil – tanto interna quanto externamente", argumenta a revista.