O abastecimento de combustível da Paraíba, hoje realizado via Porto de Cabedelo, deve ser transferido para o Porto de Suape, localizado em Pernambuco. Hoje, os navios que carregam combustíveis fazem o abastecimento pernambucano e, em seguida, seguem para o porto vizinho. A ideia é que todo o descarregamento seja realizado aqui e a distribuição aconteça por via rodoviária. A operação está sendo estudada pela Petrobras, que está construindo no complexo industrial portuário uma unidade de refino, a Refinaria Abreu e Lima.
“Têm sido realizados testes com navios maiores de combustíveis para ver a viabilidade deste projeto. Suape se tornou um hub, com recorde de movimentação de granéis líquidos. Já conhecendo nossa infraestrutura, a Petrobras estuda se é mais viável realizar o envio do combustível para estados vizinhos por ferroviária ou por cabotagem”, afirmou o secretário de Desenvolvimento Econômico do estado e presidente do Complexo de Suape, Thiago Norões. No ano passado, até 15 de dezembro, o Porto de Suape movimentou 14,18 milhões de toneladas de granéis líquidos.
De acordo com o coordenador do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria do Petróleo de Pernambuco e da Paraíba (Sindipetro PE/PB), Marcos Aurélio Monteiro, por enquanto, o que se sabe oficialmente é que a mudança estaria em fase de estudos. “Isso pode acontecer devido à estruturação que está sendo instalada em Suape, porém, não ainda não está confirmado. Hoje, os navios que atracam em Suape atendem a demanda pernambucana. Do porto seguem para todo o estado, inclusive interior. Daqui, os navios seguem para portos vizinhos, como o de Cabedelo, que possuem uma demanda menor de combustível”, disse.
A mudança na forma de abastecimento da Paraíba passou a ser discutida no final do ano, quando o estado vizinho começou a enfrentar problemas de desabastecimento de combustível nos postos. Ontem, em entrevista a uma rádio paraibana, o governador Ricardo Coutinho se mostrou insatisfeito com a possível mudança. “A Petrobras não pode ser simplesmente uma empresa que vai atrás de um lucro para satisfazer os acionistas. Além de que, não é correta a afirmação de que a Petrobras ganha margem em Suape porque quando se estabelece toda a rede de transporte o prejuízo é maior, já que o combustível terá que rodar por quilômetros de rodovias, tornando o custo mais alto. Outra alternativa seria que a Transpetro abrisse mão do monopólio e aí quem quisesse trazer o combustível para Cabedelo traria”.
Também ontem, a vice-governadora da Paraíba, Lígia Feliciano, e a diretora presidente da Companhia Docas da Paraíba, Gilmara Temóteo, tiveram uma reunião com representantes da Petrobras. Na pauta, foram discutidos, além do problema causado no final do ano, uma solução efetiva para a permanência do terminal de combustíveis. Procurada, a Petrobras informou que as entregas de gasolina na Paraíba continuarão sendo atendidas conforme pedidos das distribuidoras de combustíveis e que a forma de abastecimento no estado não foi alterada.