Ex-diretor da Antaq revela abusos em decisões sobre portos brasileiros

O ex-diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) Adalberto Tokarski, que comandava o órgão até o mês passado, afirmou ao Ministério Público Federal (MPF), em Brasília, que membros da diretoria e da gerência da Antaq atuaram de forma abusiva e pessoal em decisões atreladas à navegação entre portos brasileiros, com ações para prejudicar uma nova empresa de cabotagem, favorecendo um grupo que já atua no setor.

O depoimento prestado por Adalberto Tokarski ocorreu em 23 de junho de 2017, quando ele ainda exercia o cargo de diretor-geral.

O depoimento de Tokarski faz parte do inquérito sigiloso instaurado pelo núcleo de combate à corrupção do MPF, que investiga a denúncia de formação de cartel e a atuação de servidores públicos da agência no setor de cabotagem. A suspeita é que funcionários da agência teriam atuado em conjunto para reduzir a competitividade do setor, um mercado que movimenta R$ 10 bilhões por ano.

A autora da ação é a empresa carioca Posidonia Shipping, que acusa a Antaq e empresas do setor de dificultarem sistematicamente a sua entrada no mercado desde 2013, quando passou a atuar no transporte marítimo de carga. Procurada, a Antaq, seus diretores e Tokarski não se manifestaram.