Desastrosa, bizarra, lamentável e deprimente. Estes foram alguns adjetivos utilizados por representantes de entidades ligadas ao Porto de Santos para classificar a decisão judicial que determinou a imediata suspensão da dragagem do canal de navegação do cais santista. A saída, segundo eles, é a aceleração do processo de concessão da obra à iniciativa privada.
“Decisão judicial se cumpre, mas nem por isso somos obrigados a concordar. É por isso que existem os recursos e nós acreditamos que eles devem estar sendo buscados pela Autoridade Portuária”, destacou o presidente da Federação Nacional dos Operadores Portuários (Fenop), Sérgio Aquino.
Para ele, a interrupção da dragagem é mais um fator que demonstra a falência do atual modelo de contratação da obra. “A obra está sujeita à contratações engessadas e licitações, que são características do poder público. Uma contratação empreendida de forma privada não geraria disputa judicial e nem problemas deste tipo”, destacou o executivo.
A mesma opinião tem o diretor técnico da Associação Brasileira de Terminais Portuários (ABTP), Wagner Moreira. “Estamos militando e propondo ao governo uma solução para o problema. Precisamos resolver isso de forma definitiva”.
Moreira destaca, ainda, a necessidade de ações rápidas para a reversão da decisão. “A dragagem é fundamental. É lamentável que a Justiça tenha mandado interromper a obra. Estamos falando de um porto que é responsável por quase 30% das exportações brasileiras. Esperamos que essa decisão seja suspensa em curto prazo”.
Já o diretor-executivo do Sindicato das Agências de Navegação Marítima do Estado de São Paulo (Sindamar), José Roque, adverte para o risco de assoreamento (deposição de sedimentos), já que as previsões meteorológicas indicam chuva e possibilidade de ressacas nas próximas semanas.
“Reputamos como desastrosa essa informação do cancelamento da dragagem que vem aumentar mais ainda os prejuízos e revelar as dificuldades enfrentadas pelos usuários do Porto de Santos, que perde a sua total confiabilidade dos compradores internacionais, afetando os exportadores e importadores que procurarão buscar outra alternativa que não gere incertezas em seus negócios”, destacou Roque.
Fuga de cargas
O executivo aponta ainda o crescimento dos prejuízos causados pela falta da manutenção das profundidades no cais santista. “Sem se esforçarem para o ganho de mercado, diante dos problemas enfrentados com a dragagem, estamos transferindo escalas e cargas para outros portos, que agradecem pela nossa incompetência”.
O vice-presidente do Sindicato dos Operadores Portuários do Estado de São Paulo (Sopesp), João Almeida, classificou a decisão judicial como “lamentável”. “Esperamos que a Autoridade Portuária tome as devidas providências para reverter esse processo o mais rápido possível e que muito tem custado aos operadores portuários, à economia do Porto de Santos e ao País”.