O interesse dos operadores portuários no Brasil em contratação de seguros cibernéticos ainda é considerado muito baixo. A avaliação é da JLT Brasil, que enxerga o setor portuário do país totalmente exposto, com exceção de novos terminais com capital privado estrangeiro. A percepção é que grande parte dos gestores ainda vê essa modalidade de proteção mais como custo do que como investimento. A corretora acredita que a contratação desse tipo de apólice deve se tornar uma realidade no país no curto prazo, na medida em que os gestores aumentarem os níveis de preocupação com a questão da automatização.
“Enxergo com potencial elevado. No prazo de três anos esse seguro vai atingir os principais terminais do Brasil”, projeta o diretor especialista em portos da JLT Brasil, Thiago Gonçalves. Ele explica que seguros para casos caracterizados como sinistro cibernético têm amplitude considerável, pois amparam desde a questão da imagem a perdas financeiras da companhia afetada.
A empresa vem fazendo prospecções com terminais, inclusive com a apresentação de casos de ataques cibernéticos que estão ocorrendo no mundo. Um dos ataques mais prejudiciais relatados no setor marítimo ocorreu em junho de 2017, afetando uma série de grandes empresas em todo o mundo e atingindo os sistemas de tecnologia da informação (TI) da Maersk, incluindo sites e unidades de negócios.
A perspectiva para os próximos anos é de aumento de movimentação e de faturamento, o que se reflete nos investimentos nos terminais e também nos novos leilões. A JLT vem mapeando os projetos de arrendamentos portuários que o governo está licitando neste início de ano — a meta é arrendar 10 áreas nos 100 primeiros dias da gestão. A empresa estima que esses novos investimentos representem aumento de 8% a 10% no volume de prêmio no mercado de seguros, principalmente nos campos de responsabilidade civil e de operações portuárias.
As apostas nesse segmento vão desde emissão de garantias financeiras para participação nos certames e licenciamento ambiental até garantias para as obras de construção e para operação do terminal. “Estamos olhando com bastante detalhe quem são os participantes desses leilões”, diz Gonçalves. Ele conta que a empresa atua há 30 anos no Brasil como resseguradora e está há sete anos como segurador direto, a partir da criação de áreas específicas, entre as quais a divisão Marine, que abrange de portos, logística e navegação.
A JLT considera que o cenário de movimentação portuária tende a aumentar com a diversificação da matriz dos transportes, mas ainda existem impactos de oscilação de importação e exportação que dependem muito do Brasil e da balança comercial, entre outros fatores. Gonçalves observa nos últimos anos o crescimento da navegação de cabotagem na matriz, o que demandou navios de maior capacidade de movimentação e despertou mais atenção por parte dos operadores portuários. “Os terminais hoje olham para a cabotagem com mais cautela e detalhe porque é algo mais sólido e menos oscilante do que a movimentação de importação e exportação”, avalia.