Cidades cobram relação próxima com setor portuário após acidente

Os secretários de Meio Ambiente da região cobram das autoridades marítimas e portuárias melhor relação entre Porto e cidades para que as prefeituras ajam com rapidez após acidentes e possam dar dados confiáveis à população. Uma nota conjunta será enviada aos órgãos na terça-feira.

 

Entende-se que é preciso mais agilidade no fluxo das informações de cargas transportadas em navios. A preocupação veio à tona na última sexta-feira (11), quando 45 contêineres caíram do navio Log-in Pantanal– mas o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) fala em 47, após ter contatado o comandante do navio. E as prefeituras não sabiam se o material que acabou no mar poderia ameaçar a saúde pública.

 

Contêineres não derramaram substâncias no mar, segundo o Ibama

 

“Passamos o dia inteiro atrás de informações para tomar alguma ação, mas as únicas que recebemos vieram por meio da mídia. Isso não está correto. O Ibama também aguardava dados”, diz o secretário de Meio Ambiente de Santos, Marcos Libório.

 

Para ele, o avanço da tecnologia e a menor burocracia contribuem para informações fluírem rapidamente. “Ainda que não houvesse diagnóstico completo, era preciso dar alguma informação sobre as cargas”.

 

O secretário de Meio Ambiente de São Vicente, Vitor Carlos Vitório do Espírito Santo, aponta que a falta de dados compromete as ações preventivas. “Um dos contêineres chegou à Praia dos Milionários. Se tivesse ocorrido a queda de produtos tóxicos, não teríamos como contê-los”.

 

Na sexta, Libório enviou ofício à Codesp e à armadora Log-in cobrando o plano de recolhimento das cargas e a listagem do material perdido para avaliação dos impactos ambientais. A empresa entregou ontem às autoridades ambientais e marítimas a relação de produtos.

 

A analista ambiental do Ibama Santos, Ana Angélica Alabarce Pinto, diz que amanhã o caso será discutido no Grupo de Trabalho de Prevenção de Sinistros da Comissão Local das Autoridades Anuentes do Porto de Santos. “Devemos ter acesso rápido à informação”.

 

Empresa

 

Em nota, a Log-in salientou não estar medindo esforços para resolver o caso e reiterou não haver cargas perigosas no mar. Contratou três empresas e fretou um helicóptero para monitorar o quadro na região e resgatar os contêineres.

 

Segundo a empresa, dez cofres foram avistados em Guarujá e um está na Libra Terminais. Os outros nove ainda serão resgatados. Em Santos, nada foi encontrado. Já em Praia Grande, resíduos de embalagens das mercadorias e pedaços de um dos contêineres foram visualizados.

 

Para buscar os contêineres restantes, a Log-in contratará uma empresa especializada em escaneamento e varredura do fundo do mar.

 

Número de contêineres chama atenção 

 

A queda de contêineres registrada em Santos chamou a atenção pela grande quantidade de perdas dessas caixas metálicas de uma única embarcação. Trata-se de um número muito elevado, segundo levantamento do Conselho Mundial de Navegação (World Shipping Council, em inglês).

 

Um estudo da instituição, que reúne empresas que fazem o transporte de cerca de 90% das cargas marítimas internacionais, aponta que, em média, 568 cofres desse tipo foram perdidos por ano, no mar, entre 2008 e 2016.

 

Essa média anual sobe para 1.582 se forem levados em consideração os chamados “eventos catastróficos” (quando há mais de 50 contêineres perdidos durante um único fato), que foram responsáveis por cerca de 2/3 dessas perdas.

 

“É a primeira vez na história do Brasil que acontece um sinistro desse tipo com tamanha proporção”, destaca a analista ambiental do Ibama, Ana Angélica Alabarce Pinto, que fez um sobrevoo na tarde de ontem para verificar a situação da costa da região. “Não há sinais de produtos perigosos e oleosos no mar”. 

 

Por outro lado, foi verificada uma grande quantidade de isopor em São Vicente, perto da Ilha Porchat. “Estamos atentos, esperando os relatórios das cargas para checar as informações e avaliar os impactos ambientais desse incidente”.