A Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) fechou 2018 no vermelho, com um déficit de R$ 468,7 milhões. O balanço foi divulgado na quinta (4) e publicado nesta sexta-feira (5) pela estatal, que atribuiu ao Grupo Libra a responsabilidade pelo resultado negativo. Sem contar os valores devidos pela empresa, a Docas poderia ter fechado o ano com superavit na casa dos R$ 50 milhões.
De acordo com o diretor presidente da Codesp, Casemiro Tércio Carvalho, a dívida da Libra não surgiu no ano passado, mas, diante do pedido de recuperação judicial à Justiça e ao anúncio do encerramento das atividades em 28 de abril, o débito entrou no balanço diante da falta de previsão para o recebimento dos valores.
“A Codesp carregou muito tempo no balanço um [valor] a receber da Libra, como um crédito de cliente [existia uma garantia]. Mas, como a empresa, em 2018, manifestou a intenção de fazer a recuperação judicial, sou obrigado a apurar esse prejuízo no balanço”.
No balanço financeiro da Docas, consta uma provisão de créditos de liquidação duvidosa na ordem de R$ 793,5 milhões relativos ao Grupo Libra, que gerou uma compensação de R$ 268,5 milhões com Imposto de Renda Pessoa Jurídica e de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido.
A Codesp, no ano passado, teve uma receita líquida de R$ 893,4 milhões, que foi diluída em meio ao prejuízo apontado.
Dívida reconhecida
Carvalho aponta que foi decisão da diretoria apurar tudo neste ano. O balanço reforça o reconhecimento da dívida da Libra, em janeiro, pelo Centro de Arbitragem e Mediação da Câmara de Comércio Brasil – Canadá. O valor é superior a R$ 2 bilhões o montante exato será conhecido em setembro.
“O mais importante é que essa informação colabora e fundamenta que a diretoria [da Codesp] tome medidas de mais austeridade, o que corrobora com a nossa proposta de trabalho”.
Reverter o cenário
O executivo aponta que o trabalho para reverter o déficit é o mesmo adotado para sanear a empresa: corte de custos, enxugar contratos, otimizar espaços (trazendo funcionários da estatal que estão em outros prédios comerciais), abertura de Plano de Demissão Voluntária (PDV), entrega do porto pesqueiro de Laguna (SC), concessão de serviços e revisão de contratos de transição.
A Tribuna entrou em contato com o Grupo Libra, que não quis se manifestar.