Para colocarmos, como se diz, em perspectiva o movimento sindical e os trabalhadores brasileiros, é preciso levar em conta o que se passa no mundo.
Por todo lado assistimos a uma enorme pressão contra os direitos (onde eles existem e são consagrados) e para impedir novas conquistas e avanços.
Para os poderosos do mundo, adeptos do darwinismo social e do pensamento único rentista, o esforço coletivo dos trabalhadores é mal visto e suas preocupações são traduzidas de uma forma tal que, até a saída da Inglaterra da União Europeia, é consequência de um passo em falso da classe operária.
Contra os ataques diretos aos representantes dos trabalhadores na Coréia do Sul, no Paraguai e na Turquia, acontecem protestos esporádicos que não conseguem barrar as perseguições; falta eco.
Mas, infelizmente, também assistimos em países de história sindical forte e com partidos políticos de base trabalhista uma verdadeira traição dos governantes.
Na França, por exemplo, o partido socialista aprovou arbitrariamente por decreto uma nova legislação trabalhista completamente restritiva dos direitos dos trabalhadores, afrontando o movimento sindical e o próprio Parlamento.
Os dirigentes franceses – que pagarão nas urnas o atentado – dizem que fazem o que fizeram para garantir a retomada da economia francesa. Mas, como a partir das consequências se avalia a causa, basta ver a repercussão mundial de tais medidas e o que elas estimulam.
O presidente da Confederação Nacional da Indústria brasileira é um bom exemplo do que falo. Reunido com o vice-presidente em exercício, em nome (que ironia!) do Movimento Empresarial pela Inovação, alardeou que se deve fazer aqui no Brasil o que a França fez: aumentar a jornada de trabalho para 80 (oitenta) horas semanais, o que levaria a jornada diária, excluído o domingo, a mais de 13 horas. Voltaríamos, assim, aos fins do século XIX e, talvez, se a mão fosse pesada, até à escravidão.
A estapafúrdia declaração mereceu o repúdio unânime de todas as centrais sindicais brasileiras reconhecidas. Tomou papudo!