Contrariando expectativas, o Governo Federal não encaminhou os nomes dos novos executivos da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) ao Conselho de Administração (Consad) da empresa. Com isso, o futuro diretor-presidente não foi empossado, assim como outros dois diretores da Autoridade Portuária.
A reunião do Consad começou na manhã de segunda-feira (21) e seguiu até o final da tarde. Conforme adiantado pelo presidente do órgão, Ogarito Linhares, entre outros assuntos, estava prevista a aprovação de três nomes. Um deles era o do engenheiro Casemiro Tércio Carvalho, indicado pelo Ministério da Infraestrutura para o cargo de diretor-presidente da Docas.
De acordo com a pasta que comanda os portos brasileiros, o nome do executivo já foi aprovado pelo Comitê de Elegibilidade da Casa Civil, como determina a legislação. Porém, não houve o envio desse aval formalmente ao Consad.
“A gente precisa de uma comunicação do Governo Federal com os nomes. Não temos notícia e precisamos aguardar. Enquanto isso, deliberamos sobre outros assuntos, uma longa pauta”, disse o presidente do Consad.
A falta de uma definição pegou funcionários da Autoridade Portuária de surpresa e gerou muitos comentários pelos corredores da empresa. Isto porque, na semana passada, Carvalho esteve na sede da Codesp em reuniões com representantes da Diretoria Financeira e também da Presidência da empresa.
O executivo chegou a pedir relatórios e apresentações de todos as gerências e superintendências da empresa. Entre esses pedidos, estavam apresentações sobre a situação atual de cada departamento e a relação de problemas e possíveis soluções das áreas.
Também foram solicitadas listas de contratos firmados pela Docas, assim como informações sobre os responsáveis pelas áreas. Agora, o temor é de que o executivo não seja empossado e tenha tido acesso a dados sigilosos da empresa.
Diretoria
Além da confirmação do nome de Carvalho na Presidência da Codesp, havia a expectativa da posse de dois novos diretores. Entre eles, uma mulher, que será a primeira a ser responsável por um departamento deste porte no Porto de Santos.
Diante da ausência da definição, aguardada para a última segunda-feira (21), a Docas conta hoje com apenas três diretores. O responsável pela Engenharia é Hilário Gurjão. O diretor de Relações com o Mercado e Comunidade é José Alfredo de Albuquerque, enquanto a área de Operações Logísticas está sob o comando de Carlos Henrique de Oliveira Poço.
A Presidência e a Diretoria de Administração e Finanças também estão vagas, reflexo da Operação Tritão da Polícia Federal, que apura suspeitas de irregularidades em licitações. A PF prendeu temporariamente o ex-presidente José Alex Oliva. Já a área financeira está sem comando após o ex-diretor Francisco José Adriano renunciar ao cargo e se afastar da empresa durante as investigações.
O contador Eugenio Carvalho, funcionário de carreira da Docas há 45 anos, havia sido indicado para a área de Finanças. Porém, não há confirmação da aprovação de seu nome pelo Comitê de Elegibilidade da Casa Civil.
Procurado, o Ministério da Infraestrutura confirmou a escolha de Casemiro Tércio para dirigir a Docas. Em nota, informou que “não há alteração no plano. Os nomes já estão referendados pelo ministro. Estão sendo apenas ultimados os trâmites formais que precedem a indicação, o que deve ocorrer em breve”.