O Governo dos Estados Unidos se prepara para retomar os trabalhos com o do Brasil a fim de estudar como melhorar as operações nos portos brasileiros, inclusive Santos.
Washington aguarda um posicionamento do Ministério dos Transportes para concluir um plano de trabalho que irá analisar, entre outros temas, os principais gargalos operacionais e processuais nos complexos marítimos nacionais e medidas para reduzir ou até eliminar esses obstáculos, afirmou o assessor sênior para Questões Internacionais do Administração Marítima do Departamento de Transportes norte-americano, Tony Padilla.
O representante de Washington se encontrou com empresários e autoridades do Porto de Santos na última quinta-feira, durante visita do grupo ao Porto de Nova Iorque e Nova Jersey, o principal da costa leste norte-americana. A ida da comitiva ao complexo complementa a programação deste ano do Santos Export – Fórum Internacional para a Expansão do Porto de Santos.
Padilla encontrou o grupo do Santos Export durante suas reuniões com os executivos da consultoria Aecom e os da empresa de tecnologia Eaglerail, em Manhattan, Nova Iorque.
Em entrevista a A Tribuna, o assessor do Departamento de Transportes falou sobre o trabalho de parceria entre os dois países e as oportunidades que podem surgir para o Porto de Santos nesse processo. “Esse acordo pretende avaliar as operações dos complexos marítimos, inclusive do Porto de Santos, seu nível de tecnologia, os processos de gestão adotados e até o fluxo de financiamento disponibilizado (para o apoio a exportações e importações). Estamos com empresas americanas e órgãos do governo para analisar esses pontos e propor ações de melhoria, quando necessárias”, explicou.
Essa iniciativa integra o projeto Parceria em Transportes Brasil-EUA, lançado há dois anos pelas duas nações. O setor portuário é tema de um dos quatro grupos de trabalho criados pelos dois governos, como parte desse acordo. Os outros três tratam de rodovias e estradas, ferrovias e melhores práticas de gerenciamento de emergências.
A equipe que trata dos portos se reuniu pela última vez no semestre passado, informou o representante do Departamento de Transportes. Desse encontro, participaram representantes da Secretaria de Portos da Presidência da República (SEP), da Marinha do Brasil e, do lado norte-americano, técnicos dos departamentos de Transporte e de Comércio, da agência de desenvolvimento comercial (USTDA) e de empresas de consultoria, como a AECOM, e dragagem.
Com as mudanças ocorridas no governo brasileiro nos últimos meses, especificamente o impeachment da presidente Dilma Rousseff, a posse do vice-presidente Michel Temer e reforma ministerial ocorrida na sequência, que levou à extinção da Secretaria de Portos e à transferência de suas responsabilidades para o Ministério dos Transportes (que passou a ser denominado como Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil), os trabalhos acabaram interrompidos. Mas devem ser retomados em breve, espera Tony Padilla. “O Governo do Brasil passou por mudanças. Estamos aguardando uma manifestação do Ministério (dos Transportes) para continuarmos nossas atividades”, explicou.
Quando os trabalhos forem retomados, o próximo passo do grupo que cuida dos portos será oficializar seu plano de ação. Já há uma proposta pronta, informou Padilla. Segundo ele, a partir desse ponto, é possível ter as análises do setor concluídas em até 18 meses.
Visita
O grupo do Santos Export iniciou sua visita técnica ao Porto de Nova Iorque e Nova Jérsei na última quarta-feira. Nesse primeiro dia, os empresários e as autoridades brasileiras foram recebidos por representantes da Autoridade Portuária de Nova Iorque e Nova Jersey nos escritórios do órgão, na zona portuária de Nova Jersey.
No encontro, foram debatidos os planos de investimento em infraestrutura do complexo norte-americano, que investe US$ 4,4 bilhões (quase R$ 14 bilhões) na dragagem de seus canais de navegação, na adequação de pontes e na expansão de sua malha ferroviária, a fim de ampliar sua intermodalidade.
A comitiva também visitou terminais de contêineres na região. No dia seguinte, houve reuniões com os executivos da Aecom e a Eaglerail.
Com a primeira empresa, foram debatidos os impactos do aumento do nível do mar em áreas costeiras e portuárias. No encontro com representantes da companhia de tecnologia, foi apresentada a proposta da firma para melhorar o transporte de cargas entre o Porto de Santos e a região de São Paulo. Seus dirigentes defendem a implantação de um sistema teleférico de contêineres.
A programação da viagem do Santos Export foi concluída ontem, com visitas às áreas portuárias de Nova Iorque.