Mais de 3 mil trabalhadores são demitidos dos portos brasileiros

 

Mais de três mil trabalhadores já foram demitidos dos portos brasileiros este ano. Quase a metade em Santos, que é o maior terminal do país. E não é só por causa da crise não, muitos trabalhadores estão sendo substituídos por máquinas.

 

A partir de agora, Ronaldo Pereira da Silva passa a fazer parte de uma estatística que não para de crescer nos portos do país e no de Santos em particular.


“Saber que vai chegar dia 15 e dia 15 e não vou ter nada. Não recebo nada", lamenta o operador de máquinas desempregado.


Como Ronaldo, vários profissionais passaram pela mesma sala do sindicato. “Eu fiquei uma semana mais ou menos sem rumo, sem destino. A família me ajudando, minha esposa. Foi bastante complicado“, diz Ismael dos Santos, operador de máquinas desempregado.


No mesmo dia, foram 30 rescisões de contrato de uma única categoria de trabalhadores. E de janeiro até agora 1,2 mil postos de trabalho foram fechados no porto de Santos. Nos portos do país, já são mais de 3 mil. E não há perspectivas de serem reabertos.


Preocupados, os representes dos trabalhadores estão com mais jogo de cintura na hora de negociar reajustes e benefícios. "Não adianta agora a gente bater o pé, pôr aumentos que a gente sabe que o empresário não vai conseguir colocar e esse posto de trabalho vai ser fechado e isso não nos interessa”, explica Edson Nascimento dos Santos, diretor do Settaport.


Para evitar mais demissões, um dos sindicatos portuários recebeu uma proposta de redução de jornada de trabalho e de salário com estabilidade de um ano no emprego.


“Nesse momento, o principal para nós é a manutenção do emprego, porque se houver demissão, dificilmente você recoloca o mesmo número de empregados”, diz Everandy Cirino, presidente do Sindaport.


Mesmo com a economia do país em crise, o porto de Santos bateu recorde de movimentação de grãos no primeiro semestre. Então, como explicar as demissões?


“Não precisa crescer necessariamente na mesma proporção a mão de obra. Por quê? Porque essa operação tem uma mecanização muito grande”, afirma o consultor portuário Sérgio Aquino.


Demitido após nove anos de trabalho como operador de máquinas pesadas, Edson da Silva não está parado. Ele rejeita o rótulo de desempregado. Prefere o de caçador de emprego. E com agenda cheia. "Amanhã tudo de novo, acordar cedo, entregar currículo. Começar uma nova jornada, uma nova batalha em busca de emprego e com certeza vai sair", diz Edson da Silva Ribeiro, operador de máquinas desempregado.