NORDESTE CONCENTRA 20% DOS INVESTIMENTOS EM LOGÍSTICA

O Nordeste concentra cerca de 20% dos investimentos em infraestrutura de transportes anunciados na segunda etapa do Programa de Investimentos em Logística (PIL II), do governo federal. Estão previstos R$ 5,8 bilhões em novas concessões rodoviárias, o equivalente a 8,7% dos R$ 66,1 bilhões do PIL Rodovias. Para a modernização de aeroportos, o montante destinado à região é de R$ 4,8 bilhões – 56% dos R$ 8,5 bilhões previstos para todo o país. Para ferrovias são R$ 18,9 bilhões (41% do total). Em ortos, os investimentos totais somam R$ 37,4 bilhões e o Nordeste deverá absorver R$ 2,6 bilhões (7%).

Charles Schramm, sócio da KPMG, observa que os desafios da infraestrutura do Nordeste não se diferenciam do restante do país. Todas as grandes cidades têm necessidade urgente de melhoria na mobilidade urbana, aeroportos, rodovias e portos. “Os projetos estão avançando. Depois de um imbróglio que se arrastou por anos, o Metrô de Salvador finalmente será viabilizado por meio de uma Parceria Público Privada”, diz Schramm.

Luiz Claudio Campos, sócio da EY, diz que há uma expectativa de expansão da malha metroviária do Nordeste nos próximos três anos. Na Bahia, foi retomado o processo de concessão do Metrô de Salvador para a CCR. E estão em fase de operação assistida o MetroRec, do Recife, e o MetroFor, de Fortaleza, ambos de pequenas extensões, mas com previsão de expansão.

Na malha rodoviária, serão realizados leilões de dois trechos da Rodovia BR-101 na Bahia e um da BR-101/232, em Pernambuco. Nesta última, será contemplado um trecho de 564 km de extensão com investimento estimado de R$ 4,2 bilhões para a construção do Arco Metropolitano do Recife, melhoria do acesso ao Porto de Suape, e duplicação para Cruzeiro do Nordeste.

Na Bahia, o objetivo é duplicar a extensão de 199 km do trecho entre Feira de Santana e Gandu e melhorar o transporte de cargas entre o Nordeste e o Sudeste. O investimento estimado é R$ 1,6 bilhão. Estão previstos ainda investimentos em concessões já existentes entre os quais R$ 400 milhões nas rodovias BR-324/116/BA para a construção de faixa adicional.

O Nordeste conta com 15 aeroportos administrados pela Infraero, que vem conduzindo obras em vários estados. No Maranhão, já foi modernizado o aeroporto de Imperatriz e estão sendo ampliados os terminais de passageiros do aeroporto de São Luiz com investimentos de 17,5 milhões. No Ceará, em outubro de 2014, foi concluída a ampliação do terminal de passageiros do Aeroporto de Juazeiro do Norte, no Cariri, com investimentos de R$ 2,1 milhões para a instalação de módulos operacionais de embarque e desembarque.

Já as obras de reforma e ampliação do terminal de passageiros do Aeroporto de Fortaleza – iniciadas em junho de 2012 – tiveram de ser paralisadas devido à baixa execução dos serviços pelo consórcio contratado – 15,6% dos R$ 336,7 milhões previstos. Um novo processo licitatório foi aberto em abril e está em fase de análise de documentação técnica e de proposta. Mas o aeroporto foi incluído no programa de concessões que projeta investimentos de R$ 1,8 bilhão. O aeroporto é 12º mais movimentado do país e o 3º da região Nordeste. Contou com uma movimentação de 6,5 milhões de passageiros em 2014. O principal investimento será a ampliação do pátio e do terminal de passageiros.

Já o Aeroporto Internacional de Salvador Luiz Eduardo Magalhães, também incluído no programa de concessões, deverá receber investimentos de R$ 3 bilhões. Trata-se do 8º aeroporto mais movimentado do país e o 1º da região Nordeste. Em 2014, recebeu 9,2 milhões de passageiros. Os R$ 3 bilhões serão empregados na ampliação do terminal de passageiros e na segunda pista de pouso e decolagem.

O governo federal lançou um Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI) para contratação dos estudos de viabilidade das duas concessões para o qual 30 empresas se apresentaram e 11 foram pré-selecionadas.

Embora não estejam previstas novas concessões ferroviárias no Nordeste, estão em curso investimentos em concessões já existentes. O objetivo é ampliar a capacidade de tráfego, a construção de novos pátios e expansão da frota em ferrovias da VLI/FCA nos trechos que cortam os Estados da Bahia e Sergipe.

Mas o maior investimento ferroviário é para a conclusão das obras da Transnordestina que terá extensão de 1.753 km passando por 81 municípios de Piauí (395 km), Ceará (608 km) e Pernambuco (750 km) e dois portos (Pecém e Suape). O projeto começou com orçamento de R$ 4,5 bilhões em 2004, foi atualizado para R$ 7,5 bilhões em 2008 e novamente para R$ 11,2 bilhões no ano passado. Segundo informações da Transnordestina Logística, empresa controlada pela CSN, já foram aplicados R$ 5,9 bilhões para execução de 53% do empreendimento sendo e 63% da infraestrutura, 51% das obras de arte e 41% da superestrutura.

A Transnordestina terá capacidade para transportar 30 milhões de toneladas carga geral, 3,4 milhões/ton de grãos (milho e soja), 1,8 milhão/ton de combustíveis, 10 milhões/ton de minério de ferro e 7,9 milhões/ton de outras cargas.