O processo de destruição dos gases tóxicos que estão armazenados nos 115 cilindros que foram levados para alto-mar, na manhã de quinta-feira (24), deve ser concluído em cerca de um mês. Em seguida, ainda haverá a destinação final de parte dos produtos e seus recipientes.
Há mais de 20 anos os cilindros estavam esquecidos no Porto de Santos. Por volta das 9 horas de quinta-feira, foram levados por uma balsa em uma viagem que levará entre dois e quatro dias para percorrer os 93 quilômetros de distância até o local definido para a destruição do material perigoso. O procedimento será feito de quatro maneiras distintas.
No total, 12 embarcações integram o comboio formado para a destruição dos gases. Em alto-mar, 16 homens serão os responsáveis pela operação.
Além da Suatrans Atendimento Emergencial, empresa contratada pela Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) para o monitoramento e destruição dos gases, oficiais da Capitania dos Portos de São Paulo (CPSP), técnicos do Instituto Brasileiro de Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente (Gaema) do Ministério Público Estadual atuaram na estruturação da operação.
Entre as cargas, 15 cilindros contêm diborano, 41 estão carregados com silano, 34 com fosfina, 16 com cloreto de hidrogênio, oito com diazometano e um com trifluoreto de boro. Eles são tóxicos ou explosivos.
O esquema especial para a destruição dos gases começou a ser definido no mês passado. O cronograma foi fechado no início de agosto e, a partir de então, as autoridades providenciaram a logística e as autorizações necessárias para o transporte das cargas tóxicas.
De acordo com o plano de trabalho, a destruição dos gases levará entre 21 e 30 dias. A operação para os produtos explosivos (diborano e diazometano) será feita à distância, com acionamento remoto. Já para o silano, foi construído um reator, que será usado na destruição.
“É uma estrutura onde o gás que precisa ser destruído vai no meio e é cercado por diversos tubos, por onde sobe o gás para queimá-los. É uma queima controlada, como acontece na refinaria da Petrobras e saem diversas chamas. Não há poluição”, explicou o superintendente de Meio Ambiente e Segurança do Trabalho da Codesp, Ivan Fernandes Doutor.
Já a fosfina será destruída mediante pirólise, um fenômeno de destruição térmica. Foi elaborado, ainda, um sistema de lavagem de gás para o cloreto de hidrogênio e o trifluoreto de boro. Com isso, os produtos perderão o risco de contaminação e serão trazidos de volta ao cais santista.
“Nesse caso, são três processos sequenciais para se transformar em outro produto menos agressivo. No terceiro, é permitida uma destinação. Isso (os gases) retorna à terra para destinação correta”, afirmou Doutor.
Desembarque do material
Após a destruição dos gases, a balsa, as roupas da tripulação e os cilindros serão descontaminados antes do desembarque no Porto. Os recipientes serão cortados ainda na balsa.
Em seguida, serão encaminhados para um local licenciado e indicado pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) para o descarte de produtos perigosos. O mesmo acontecerá com os gases que perderão seus efeitos tóxicos por meio da lavagem.
Para o superintendente da Docas, ainda não é possível precisar quando as embarcações envolvidas na operação vão retornar ao cais santista. Segundo ele, o clima vai interferir nesta previsão. “É difícil prever porque as condições de tempo lá fora (em alto-mar) vão ditar o ritmo dos trabalhos. Não existe uma data pré-determinada que seja, de fato, exequível e certa. É um pouco incerto”.
“É uma verdadeira operação de guerra. Essa operação é uma questão de segurança nacional. É muito perigoso, envolvia produtos que são utilizados por criminosos, terroristas e isso tudo está seguro”, destacou a agente ambiental do Ibama, Ana Angélica Alabarce, que acompanhou a atividade..