Reajuste das tarifas do Porto ameaça investimentos, diz setor

O reajuste das tarifas do Porto de Santos vai comprometer novos investimentos privados no complexo. O posicionamento é do Sindicato dos Operadores Portuários do Estado de São Paulo (Sopesp). 

 

“Obviamente, a elevação de tarifas vai onerar justamente as referidas empresas portuárias, o que pode comprometer novos investimentos e na revisão de outras medidas, em um ano em que também serão oneradas por medida impositiva da Prefeitura de Santos, com o reajuste de 67% sobre a tabela de Impostos Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN), assim como de Guarujá e de implantação de outros índices, como a cobrança de IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano)”, destacou a entidade, em nota.

 

Segundo o presidente da Associação Brasileira de Terminais Portuários (ABTP), José Di Bella Filho, mesmo com o aumento de custos que são aplicados na infraestrutura portuária, os terminais ainda são obrigados a reduzir suas capacidades diante dos gargalos do Porto. Um deles é o acesso marítimo, já que o calado operacional adotado no cais santista (a profundidade máxima que os navios podem atingir quando estão navegando) não permite que as embarcações entrem ou saiam do complexo totalmente carregadas. 

 

“O impacto da medida recairá, sem dúvida, sobre os custos logísticos da operação das cargas nos portos, prejudicando, consequentemente, o comércio exterior brasileiro, reduzindo a competitividade dos nossos produtos no mercado mundial”, destacou o presidente do Conselho de Administração da Associação Brasileira de Terminais e Recintos Alfandegados (Abtra), Bayard Umbuzeiro Filho. 

 

Já o presidente da Associação de Terminais Portuários Privados (ATP), Murillo Barbosa, acredita que os reflexos são ainda maiores diante do atual cenário econômico brasileiro. “Os impactos são sempre devastadores, uma vez que o aumento dos custos não se limita aos portos, mas são distribuídos em toda cadeia de suprimentos. Qualquer reajuste terá um peso maior no momento em que o País tenta restabelecer sua economia. Esse não é o momento do Brasil impor custos a seus produtos”, afirmou Barbosa. 

 

“O Sopesp considera que 2018 deveria ser um ano de retomada da economia nacional, bastante abalada nos últimos períodos e pela recentíssima paralisação dos caminhoneiros, e não tem medido esforços em apoio aos seus associados para que mantenham os processos de investimentos nos terminais que operam no complexo portuário santista. Mas também consideram que ficará difícil manter o status em vigor com nova incidência de ônus tarifário e dos demais tributos acima expostos”.