O presidente Michel Temer pretende responder as 50 perguntas feitas pela Polícia Federal (PF) no inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF) que apura supostas irregularidades no decreto dos portos, que tem o peemedebista entre os investigados. Segundo o advogado de Temer, Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, as respostas serão enviadas às autoridades entre terça-feira (16) e quarta-feira (17).
“Nossa esperança é que, com as respostas, a denúncia contra o presidente não venha”, afirmou o criminalista. Mariz criticou questões mais incisivas como a que pergunta a Temer se ele “recebeu alguma oferta de valor, ainda que em forma de doação de campanha eleitoral, formal ou do tipo ‘caixa dois’, para inserir dispositivos no novo decreto dos portos, mais benefícios para empresas concessionárias do setor? Se sim, explicitar as circunstâncias e quais providências tomou”.
“Perguntar se o presidente recebeu dinheiro é tão agressivo que nem merece resposta”, afirmou Mariz, destacando que até mesmo esses questionamentos serão respondidos.
Mudança de estratégia
A estratégia da defesa é diferente daquela adotada em junho do ano passado, quando a Polícia Federal enviou 82 questões ao presidente sobre fatos envolvendo a delação de Joesley Batista, dono da J&F, que, hoje, está preso. Na época, os advogados do peemedebista enviaram ao STF uma petição criticando as perguntas, além de um pedido de arquivamento do inquérito em que Temer era investigado pelos crimes de suspeita de corrupção passiva, obstrução da Justiça e organização criminosa.
“Naquela época avaliamos que as perguntas estavam fora do ambiente da investigação e que Rodrigo Janot, que era o procurador-geral, já tinha anunciado que iria denunciar o presidente. Hoje, o momento é outro, com outra procuradora-geral”, disse o criminalista referindo-se a Raquel Dodge, que foi nomeada ao cargo por Temer e está na posição desde 18 de setembro.
Mariz se reuniu com Temer na semana passada, após receber os questionamentos, e na manhã desta sexta-feira (12), em São Paulo, onde trataram do assunto. A investigação do decreto dos portos apura se a medida, datada de maio de 2017, beneficiou a empresa Rodrimar, que atua no porto de Santos, e se o presidente e seus interlocutores receberam recursos ilícitos para defender os interesses da companhia.