Nova logística

 

Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) revelam que no ano passado, o volume exportado por Mato Grosso alcançou US$ 13,86 bilhões (FOB) e que 79 dos 141 municípios do Estado responderam por essa movimentação, que resultou num superávit comercial de US$ 12,29 bilhões.

 

O volume alcançado pela exportação mato-grossense é expressivo e mais ainda se torna, quando se sabe que a estrutura basilar dessa atividade é formada por commodities agropecuárias – de baixo valor agregado – ao contrário de outros Estados iguais a São Paulo e Rio de Janeiro, que basicamente exportam produtos manufaturados, química fina e tecnologia de ponta, como automóveis de luxo e aviões a jato.


Apesar do quantitativo alcançado com a exportação, o produtor rural que responde pela quase totalidade dos embarques ao exterior tem pouca lucratividade, porque enfrenta os gargalos na logística de transporte e paga alto pelo índice de continentalidade que mede a distância de sua propriedade rural ao porto exportador.


Nenhum dos principais municípios exportadores conta com o transporte ferroviário. Essa relação em ordem decrescente no volume de exportação é formada por Rondonópolis, Sorriso, Nova Mutum, Sapezal, Primavera do Leste, Lucas do Rio Verde, Campo Novo do Parecis e Cuiabá. Somente Rondonópolis, a partir deste ano, terá terminal rodoferroviário de embarque e desembarque de grãos e outras commodities; os trilhos da Ferrovia Senador Vicente Vuolo chegaram àquela cidade e até meados do ano os trens circularão rumo ao porto de Santos e vice-versa.


No mundo inteiro, sem exceção de continentes, o trem e a navegação interior respondem pelo transporte pesado e, de modo geral, pelo transporte de longa distância. No Brasil é diferente. Aqui, prevalece o rodoviarismo. Em Mato Grosso, além da acanhada malha ferroviária que atende somente a Alto Taquari, Alto Araguaia e Itiquira (e em breve Rondonópolis) existe uma barreira com contornos de tabu, que impede o aproveitamento comercial dos cursos navegáveis dos rios de suas três bacias hidrográficas.


Mato Grosso paga preço muito alto por falta de logística de transporte de cargas. Isso, agravado pelo índice de continentalidade que deixa seu produtor em desvantagem no comparativo com os que cultivam no Paraná, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Argentina, Paraguai e outros polos agrícolas no Brasil e vizinhança.


A lavoura é atividade abençoada e, por isso, mesmo cultivando em cenário adverso, o produtor mato-grossense consegue se manter apesar da baixa lucratividade. Essa situação não pode continuar e a bancada federal juntamente com o governador Silval Barbosa precisa revertê-la junto ao Ministério dos Transportes.


Precisamos que o trem apite de norte a sul e de leste a oeste, e que ligue os campos de produção aos portos em Santarém, Porto Velho, Itaqui e Santos. Precisamos de rodovias seguras e em boas condições de trafegabilidade. Chega de exportar com adversidade.